segunda-feira, 16 de novembro de 2009

FEIO POR DENTRO

Dois novos acontecimentos da semana passada revelam outra vez a personalidade autoritária, prepotente e agressiva do governador José Serra.

Diferentemente do presidente Lula, que de maneira democrática e republicana mantém as portas abertas a governadores e prefeitos de diferentes partidos e anualmente comparece, com seus ministros, à marcha dos prefeitos a Brasília, Serra recusou-se a participar na Marcha dos Prefeitos Paulistas na última semana. Pior: por meio de sua equipe, trabalhou para esvaziar o evento organizado pela regional São Paulo da Frente Nacional. Um triste espetáculo.

Um verdadeiro estadista deve ouvir as reivindicações da sociedade e das autoridades constituídas. Faz parte de sua função e tem sido dessa forma das verdadeiras democracias constituídas.

Os gestores paulistas queriam apenas, a exemplo da edição nacional, apresentar ao seu governador problemas, carências e reivindicações para melhorar as políticas públicas no nosso Estado, ajudando mais as cidades e seus cidadãos. Os prefeitos que não se intimidaram, dentre os quais Oswaldo Barba (São Carlos) que presidiu a mesa sobre contas públicas ao lado do presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), sentiram-se mais uma vez desrespeitados. Mas, afinal, o que esperar de um governador que só concede audiência aos seus correligionários?

Desrespeito também é a palavra que cabe em relação à nomeação do próximo reitor da USP, dando as costas à comunidade universitária, que elegeu o professor doutor Glaucius Oliva do Instituto de Física de São Carlos para dirigi-la. O governador escolheu o segundo nome da lista. Atitude legal sim, mas carregada de simbolismo autocrático. Por que desprezar a vontade expressa da coletividade acadêmica, repetindo um triste episódio que só acontecera durante o regime militar, em 1981? Por que não fazer como o presidente Lula, que sempre nomeia o primeiro nome da lista tríplice por respeitar a vontade democrática das instituições? Que interesses moveram o governador? Pensa ele que sabe mais sobre a USP do que seus professores, técnicos e alunos?

A julgar pela forma como tratou a greve da USP do ano passado, mandando a PM invadir o campus, não se poderia esperar outra coisa de Serra senão desprezar a opinião dos outros – toda uma Universidade neste caso – e, de imediato, nomear seu previamente escolhido. Pura prepotência?

Já a manifestação do governador sobre mim, contrariado com minhas declarações de insatisfação quanto à sua decisão neste episódio da USP, também não surpreende. Não é a primeira vez que, por ter ousado discordar de suas decisões, sou execrado publicamente pelo governador. Ter lutado contra a instalação da fracassada Fundação Casa/Febem na cidade, apresentando em nome da cidade um modelo pedagógico diferenciado para ressocializar jovens em conflito com a lei, está me custado muito caro.

Mas, diz o poeta, vale à pena quando a alma não é pequena. Já a do governador...

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