domingo, 8 de novembro de 2009

MAS JABUTICABAS NÃO DÃO EM CACHO?


Comemorando seu aniversário, pela primeira vez nesta década à distância, e agora sem a responsabilidade de administrá-la, pus-me a pensar sobre nossa São Carlos. Inspirado pelas paisagens exuberantes do Vale dos Vinhedos no Rio Grande do Sul, onde Ana e eu nos encontrávamos em companhia de amigos enófilos, revisitei 33 anos da minha trajetória sãocarlense.

Pensei, inicialmente, em escrever sobre seu notável presente, alicerçado nos elogiáveis e reconhecidos indicadores econômicos e sociais, e no seu futuro promissor, ancorado em ações em andamento que projetam uma São Carlos na fronteira da construção do Brasil potência. Preferi, no entanto, abusar da paciência dos leitores e me valer deste privilegiado espaço dominical para discorrer sobre a minha São Carlos.

Vindo da megalópole paulista para ser professor da UFSCar, encantei-me de cara com a placidez da paisagem do cerrado e com o clima ameno proporcionado pela sua diferenciada altitude. Contam meus colegas de trabalho que ao deparar-me com uma frondosa árvore, julguei-a doente, porque seu tronco e galhos estavam coalhados de bolinhas esquisitas. Vexame geral: era uma jabuticabeira! Até aquele dia eu podia jurar que, como as uvas, as jabuticabas davam em cachos.

Histórias pitorescas à parte, confesso minha paixão por esta terra. Também pudera, São Carlos forjou-me vidas pessoal e profissional repletas de felicidade. Casado com uma nativa apaixonada pelo seu chão, pudemos educar filhos maravilhosos que cresceram com qualidade de vida, excelente educação formal, sólidos valores morais e compromisso com a solidariedade humana. Só nos faltam os netos, que estão prometidos para quando as carreiras profissionais permitirem. Nunca dou o braço a torcer, porque estou louco para ser avô, mas sei que, no mundo de hoje, eles estão cobertos de razão.

Como profissional, concluí que minha decisão de imigrar para cá não poderia ter sido mais acertada. Não haveria solo mais fértil para enraizar-me como educador e gente mais generosa para cultivar-me como gestor. Ter sido escolhido para dirigir a UFSCar como reitor e nossa cidade como prefeito foram experiências honrosas e inesquecíveis. Compartilhei essas desafiadoras missões com talentosos companheiros. Junto com eles, e sob o signo da ética, lealdade e eficiência pude, creio, contribuir para que uma e outra se transformassem em referências para o país.

Atenas Paulista, Cidade Sorriso, Cidade do Clima, Capital da Tecnologia e Capital do Conhecimento. São Carlos, a um só tempo, encerra vocação educacional, belezas naturais, e vanguarda empreendedora. Deu no que deu e frutificará muito mais. Salve seus 152 anos de história abençoada. Da minha parte, obrigado São Carlos por tudo que me proporcionou!

2 comentários:

  1. Papai, não pude cumprir o que prometi, ler seu artigo no papel. Mas, como filha coruja que sou, logo ao chegar em Campinas vim apreciar seu texto. Como sempre, suas palavras me emocionam e me proporcionam um imenso sentimento de orgulho, por tudo o que você é e faz. Se ao brilhante Doutor em Engenharia da Capital faltava o conhecimento do interior, concordo que a mudança de ares só o fez crescer. Inteligência e esforço nunca lhe faltaram, e proporcionaram a sapiência para colaborar com o crescimento de nossa cidade. Te amo muito, e reitero meu orgulho de ser sua filha. Parabéns.

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  2. Me emocionou de novo, filha. Também te amo muito. Beijo!

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