sábado, 30 de janeiro de 2010

GRANDE ZÉ LUIZ!


Logo após a convenção estadual do PT homologar a minha candidatura a vice na chapa de Marta Suplicy, em junho de 1998, o então presidente do partido, Antonio Palocci, designou o companheiro José Luiz Rocha Rodrigues para acompanhar-me na memorável campanha que por pouco não me elegeu vice-governador de São Paulo. Foi aí que eu conheci o Zé e, desde então, jamais nos separamos até que a nossa relação de amizade e companheirismo fosse brutalmente interrompida, no último dia 20, pelo seu falecimento aos 49 anos provocado por um extenso aneurisma na aorta.

Confesso que apesar das orações e das inúmeras manifestações e votos de condolências e conforto, tem sido muito difícil conviver com a dor provocada pela sua morte. Penso eu que isso se explica pelo fato de que, ao longo de 12 anos, compartilhamos quase que diariamente nossas vidas, trabalhando juntos nossos ideais, sofrendo juntos nos momentos mais difíceis, superando juntos as dificuldades e comemorando juntos nossas vitórias.

Zé Luiz era daqueles que dão sentido a uma das mais célebres frases proferidas por Che Guevara: “Hay que endurecer, pero sin perder la ternura jamás”. É isso. O Zé era dotado de uma determinação e de uma capacidade de trabalho invejáveis e, ao mesmo tempo, esbanjava generosidade e bom humor. Chorava de emoção a cada conquista e de tristeza quando se deparava com o sofrimento humano.

Foi dele a idéia de mudar com a família de São Vicente para São Carlos, para me ajudar a construir, sempre confiante, a histórica vitória na campanha à Prefeitura de São Carlos em 2000. Militante petista exemplar, perseverante (algumas vezes até turrão) e invariavelmente otimista, foi dos poucos que acreditavam que apesar da enorme escassez de recursos e de apoios políticos, ganharíamos as eleições municipais. Dirigindo uma Kombi caindo aos pedaços e um aposentado caminhãozinho de som – o “Anastácio” – por quem ele se apaixonara em campanhas anteriores no ABC, o Zé me transportava com segurança e alegria em busca de votos onde eles estivessem. Incansável, também instalava os palanques, cuidava com zelo do som e, enquanto eu discursava, o Negão – como ele gostava de ser chamado – não parava de panfletar.

Em 2004, trocou nossa velha Kombi pelo velho Dodge Dart vermelho sem capota que ele comprou em Ribeirão Bonito. Deu-lhe o nome de “Tomatão” e tinha por ele um amor que enciumava a todos nós. Mecânico de mão cheia, ele mesmo consertava nossa humilde frota que, vez ou outra, nos deixava pelo caminho.

Ah, meu amigo! Por que você nos deixou? Você está fazendo uma falta danada para sua mãe Palmira, seus irmãos, sua mulher Eliane, seus filhos e sua netinha, para seus amigos (o Ponchio está inconsolável), para toda a nossa militância e para a minha família - que tinha por você enorme carinho, admiração e gratidão.

Quanto a mim, perdi um irmão. Obrigado por tudo, companheiro! O jeito melhor de o reverenciarmos é amplificar ainda mais as nossas forças na luta contra as desigualdades sociais e por um Brasil mais justo e solidário, sem perdermos a ternura jamais!


P.S.: Zé! O seu amigo Lula ganhou mais um reconhecimento internacional. Agora ele é “Estadista Global”. É mole?!

3 comentários:

  1. Esse foi um grande companheiro, uma vez um encarregado me disse que, ninguém era insubstituivel. Ele não conhecia o Zé Luiz!
    Landerson Batata.

    ResponderExcluir
  2. Querido Newtão,
    Foi com profundo pesar que recebi a notícia, através de nosso amigo Ponchio, do falecimento do companheiro Zé Luiz.
    Não tenho palavras para externar meus sentimentos neste momento.
    Linda sua homenagem à ele!!!
    Forte abraço,
    Monica Zerbinato
    Brasília

    ResponderExcluir
  3. Landerson, concordo plenamente! Monica, vamos sempre em frente tendo a garra e a vontade de trabalhar inabaláveis do Zé Luiz como exemplo e inspiração. Abraços, companheiros!

    ResponderExcluir