domingo, 14 de março de 2010

MAGISTÉRIO PAULISTA HUMILHADO


Os 16 anos de PSDB no governo do Estado guardam profunda similitude e vínculo com os oito desastrados anos de FHC à frente dos destinos da nação. O pano de fundo dessa retrógrada obra é ideológica: a paixão pelo neoliberalismo. Por conta do ideário do Estado mínimo e do mercado máximo, imposto pelo imperialismo americano e sumarizado no Consenso de Washington, os tucanos promoveram a privatização de empresas estatais estratégicas com financiamento público, a estagnação da economia, o desequilíbrio fiscal, o extermínio de postos de trabalho, o desmonte do serviço público e o descaso com as políticas sociais.

A exemplo do Brasil até 2002, São Paulo andou para trás. Dentre as várias marchas a ré experimentadas pela “locomotiva da nação” nesse triste e longo ciclo do tucanato, certamente o mais perverso e danoso é o que foi feito com a educação e toda uma geração de jovens.

Não é necessário desenvolver nenhum raciocínio mais elaborado para provar essa afirmação. Os resultados dos exames de avaliação do desempenho escolar das crianças e jovens paulistas, o elevado índice de reprovação dos docentes temporários (que respondem por 40% da rede) e o fato de que 13% dos adolescentes que concluem o ensino fundamental são analfabetos funcionais, escancaram a falência do ensino público oferecido pelos tucanos aos nossos filhos.

E a culpa, segundo o ex e atual secretário de educação do governo Serra, Paulo Renato Souza, é do despreparo dos professores e não da política educacional do PSDB. É lamentável ver homens públicos empurrarem para suas vítimas a responsabilidade por suas fracassadas ações. Seria mais decente reconhecer os equívocos cometidos por ele, como Ministro da Educação de FHC e um dos principais formuladores tucanos da área, a saber: a) proliferação indiscriminada, conforme receita do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), de faculdades privadas de licenciatura; b) rebaixamento salarial progressivo da categoria; c) escassez de programas de avaliação e educação continuada aos nossos mestres; d) precarização do trabalho com congelamento dos concursos públicos; e) promoção automática dos alunos; f) insuficiência de bibliotecas, laboratórios, computadores e multimídia; g) substituição de aumentos reais para todos por concessão de bônus para uma fração do corpo docente; dentre outros.

Por tudo isso, os professores da rede estadual estão mais uma vez em greve, “pela dignidade do magistério e pela qualidade da educação”. E na tarde da última sexta-feira (12) fizeram uma passeata com cerca de 40 mil pessoas na avenida Paulista para chamar a atenção dos pais dos alunos e da sociedade em geral sobre a precariedade das condições de trabalho e da educação paulista. Segundo a APEOESP, “Este governo gasta milhões em propagandas no rádio e na TV para apresentar mentiras à população. Onde estão as escolas com dois professores? Onde estão os laboratórios de informática abertos nos finais de semana com monitores? Temos que dar uma resposta à altura, chamando os pais de alunos para conhecer nossas escolas, para que possam comparar com a ‘escola de mentirinha’ que Serra mostra na televisão”.

Cabe ao governador Serra fazer mea culpa de todos os erros que vêm sendo progressivamente cometidos contra a educação no estado de São Paulo e abrir diálogo franco com os mestres para superação urgente dessa triste realidade, sob pena de mais e mais crianças e jovens serem vítimas do estelionato educacional do PSDB.

4 comentários:

  1. Boa noite Dr.Newton Lima

    É com imensa alegria que venho escrever-lhe estas poucas palavras, mas que representam muito, tanto eu como meus colegas professores da rede publica estadual ficamos animados e motivados ao receber por um dos nossos suas palavras quanto a humilhação que estamos sofrendo nos últimos dias pelo governo Serra e seu secretário Paulo Renato. Estamos contentes com sua atitude, apesar de alguns dizerem que isto é para alavancar votos em nossa classe. Mas quero dizer-lhe que, por mim tudo bem, se for por isso, não incomodo, considero-o antes de tudo um intelectual, um educador, que sabe das reais necessidades deste estado quando se fala em educação. Enfim, que bom para nós professores saber que estamos sendo observados e podemos contar com o apoio de uma pessoa como o Senhor. Abraços.

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  2. Geandro, em primeiro lugar grato pelo comentário. Nesta terça-feira (16/03), estarei ao vivo em duas rádios de São Carlos, onde entre os assuntos da pauta estará a greve e a discussão da educação na rede pública do estado de SP. Por volta das 11 horas, estarei na Clube AM (1.400 KHz), no programa do Carlinhos Lima. Logo após, das 12h30 às 13 horas você poderá ouvir eu comentar o assunto novamente na Universitária FM (102,1 MHz), no jornal Em Dia. Todos os docentes, como você e eu, poderão sempre contar com o apoio necessário para que possamos reverter esse quadro, que notadamente se deteriorou com maior ênfase nos últimos 16 anos em nosso estado. Grande abraço!

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  3. Parabéns pela análise objetiva e realista do que estamos vivendo. Sou professora aposentada e as mentiras do governo tucano me revoltam mais ainda do que o salário aviltante que recebo.Poucos na mídia estão a nosso favor e a maioria só mostra as "maravilhas" da Educação em S.Paulo. Precisamos mostrar a verdade à população e desmascarar esse governo que destrói a Educação e humilha os professores.

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  4. Boa tarde, Magali. Pois é, fiz questão de debater a questão hoje aqui em São Carlos em programas e jornais em duas rádios (Clube AM e Universitária FM). Estamos ao lado de vocês e lembro que o descaso do governador Serra com nossa classe é tamanho, que além dos maus tratos aos docentes da rede estadual (na ativa ou aposentados, como você), ele, em 2006, prometeu uma Fatec para São Carlos e até agora só mandou uma "Febem", com seu modelo falido na ressocialização dos nossos jovens. Decididamente, educação e segurança pública não são e, em verdade, nunca foram prioridades pros tucanos. Grande abraço!

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