sábado, 29 de maio de 2010

LULA DA PAZ, SERRA DA GUERRA


Nos últimos dias pudemos observar comportamentos extremamente opostos entre os dois líderes máximos do PT e do PSDB, agora no que diz respeito à política externa brasileira.

Lula, do alto do seu mundialmente reconhecido perfil de estadista vem trabalhando soluções negociadas para superar o impasse nuclear do Irã. Acredita nosso presidente que é necessário, pela via diplomática e não pela ampliação das sanções, o mundo tomar medidas que contribuam para a não a proliferação de armas nucleares.

E por isso, combinando o jogo antecipadamente com o presidente americano, construiu um acordo Brasil-Turquia-Irã que respeitava integralmente os termos para o enriquecimento do urânio iraniano impostos por Obama. No editorial da Folha de S.Paulo de 28/05, intitulado “As duas faces de Obama”, o jornal assim se manifesta sobre o conteúdo da carta enviada por Obama a Lula, antes da viagem do nosso presidente ao país persa: “O presidente norte-americano expõe, no documento, um modelo de caminho a seguir para a retomada do processo diplomático construtivo e detalha suas expectativas. Nenhum dos pontos mais importantes elencados por Obama deixou de ser contemplado no acordo”.

Só poderosos interesses econômicos explicam porque os EUA roeram a corda depois do êxito alcançado pela missão do nosso presidente. Não seria a primeira vez. A guerra do Iraque, provocada por denúncias infundadas de Bush de que aquele país possuía armas de destruição em massa, não passou de uma farsa montada para conquistar petróleo e lucratividade para a indústria bélica.

Já Serra, do alto do seu reconhecido perfil truculento, ampliava concomitantemente seu currículo de pronunciamentos hostis, desta vez mirando a Bolívia. Disse ele (quarta 26), chutando números (uma de suas especialidades) e sem apresentar provas: “Você acha que a Bolívia iria exportar 90% da cocaína consumida no Brasil sem que o governo de lá fosse cúmplice?”. Se não bastasse, Serra ainda se superou dizendo irritadiço na sexta (28) que “a chancelaria boliviana não vale uma nota de três reais”. Para ficarmos em pronunciamentos recentes do belicoso e preconceituoso pré-candidato tucano, lembremos ainda de suas declarações antidiplomáticas sobre a economia Argentina e da sua desastrosa e obtusa afirmação: “O Mercosul é uma fraude”.

Em contraponto, e seguindo a grandeza diplomática do pensamento lulista, Dilma lamentou as falas de Serra dizendo que elas “mexiam com a soberania do povo boliviano e demonizavam o governo de um país amigo”. Também em contraponto à visão do tucano, a presidenciável petista reforçou a importância do Mercosul: “Provamos que podemos ser protagonistas no contexto mundial, sem nos esquecermos de olhar os nossos vizinhos. Não podemos encará-los com soberba. Esse comportamento imperialista é o que leva à guerra, aos conflitos e ao desprezo”.

Por também pensar assim, sou Lula e Dilma de carteirinha.

Nenhum comentário:

Postar um comentário